Trabalhadores de Empreiteiras que atuam no Polo de Cubatão confirmam greve
6 de maio de 2014
Às 7 horas desta terça-feira (6), na portaria da RPBC, ocorreu assembleia dos trabalhadores que confirmou a continuidade da greve. Os 10 mil operários das empreiteiras que prestam serviços às indústrias de Cubatão, com exceção da Usiminas, estão em greve. A principal paralisação, já iniciada na manhã desta segunda-feira (5), é na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), da Petrobras, com 4800 trabalhadores da terceirizada Tomé. A categoria está em campanha salarial para a data-base de maio e rejeitou, em duas assembleias, uma pela manhã e outra à noite, a contraproposta das empreiteiras. Elas propuseram reajuste salarial conforme o INPC de 12 meses, correspondente a 5,62%, mais aumento real de 30% desse índice, ou seja, 1,68%, percentuais considerados irrisórios pelas assembleias. Além da RPBC, estarão paralisadas empresas como Transpetro, Vale Fertilizantes e Bunge. A Usiminas não será afetada porque a data-base nas empreiteiras contratadas é em agosto. Na Tomé, a segunda greve em menos de um mês Vinte e um dias após o encerramento de uma greve de 11 dias, entre 3 e 14 de abril, os 4.800 empregados da empreiteira Tomé paralisaram de novo as atividades, na manhã desta segunda-feira (5), em Cubatão. A empresa, junto com algumas subempreiteiras, presta serviços à Refinaria Presidente Bernardes (RBPC), da Petrobras, onde ocorreu a paralisação do mês anterior. O principal motivo, agora, é o não pagamento de ajuda de custo para aluguel de alojamentos, onde dormem e descansam 60% desses trabalhadores. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial (Sintracomos), Macaé Marcos Braz de Oliveira, explica melhor o problema. Segundo ele, a maioria dos operários vem de outras cidades, estados e regiões do país, atraídos pela oportunidade de trabalho no polo industrial da Baixada Santista, principalmente na refinaria. Aqui chegando, eles são induzidos a assinar documentos dizendo que residem em Cubatão e são instalados em habitações coletivas no município e em outros da redondeza, como Guarujá e Praia Grande. Os custos com a hospedagem e alimentação fora do horário de trabalho são, dessa forma, assumidos pelos trabalhadores, que reivindicam então a ajuda de custo. “Há anos essa história se repete”, explica o sindicalista. “Os companheiros assinam os papeis ludibriosos porque precisam trabalhar. A verdade é que as empresas e seus prepostos agem de má-fé”. Outro problema motivador da greve e o chamado desvio de função, que consiste na obrigatoriedade do trabalhador exercer tarefas para as quais não foi contratado, sem receber por elas. Problemas com a folga de campo, que consiste numa espécie de licença remunerada para o trabalhador visitar eventualmente a família, nas cidades de origem, também colaboraram para a deflagração da greve. Data-base A greve foi proposta e aprovada pelos próprios trabalhadores, mas acatada imediatamente pela direção sindical, em assembleia, às 7 horas, na portaria da RPBC, para análise de contraproposta de campanha salarial. Com data-base em maio, os operários recusaram a correção salarial com base no INPC do período, de 5,62%, mais aumento real correspondente a 30% desse índice, ou seja, 1,68%. A mesma contraproposta foi analisada e rejeitada pelos demais trabalhadores do polo industrial, em assembleia marcada para as 18h30 de ontem, segunda-feira (5), na subsede do sindicato em Cubatão. Hoje, terça-feira (6) às 7 horas, na portaria da RPBC, ocorreu assembleia dos grevistas que definiu pela continuidade da paralisação. Reivindicações A campanha salarial envolve cerca de 10 mil operários, mas o problema dos alojamentos atinge principalmente os terceirizados da RPBC. A maioria dos outros reside na região. As reivindicações foram aprovadas na assembleia de 7 de março e entregues às empresas no dia 27 daquele mês. A principal delas é o aumento real de 10% acima da reposição pelo INPC do mês. Texto Paulo Passos. Atualização Joca Diniz. Foto Vespasiano Rocha.